Nos acostumamos (ou os hábitos sociais nos fizeram acostumar) a associar
nossa vida a duas palavras indissoluvelmente ligadas: o sucesso e(sua temida
antítese) o fracasso.
São estabelecidos padrões e parâmetros para definir(e medir) o que é
sucesso e o que é uma pessoa de sucesso, fazendo com que a vida daqueles que
estabelecem isto como seu norte, quase (vamos usar este advérbio para não
incorrer no erro da generalização) sempre fique reduzida a uma infrutífera e
destrutiva busca para obtê-lo.
O sucesso é vendido para todos como uma bem-aventurança, quase um estado
de êxtase (tal qual um samádi, uma suprema contemplação do universo), como se
fosse o Lapis Philosophorum (a pedra filosofal), que deve ser
buscado diuturnamente, pois nele, tudo é possível, tudo nos é dado, tudo é
felicidade. E este estado de aparente plenitude é personificado e ostentado por
aqueles transformados em ícones, nas várias áreas das atividades humanas.
Estes humanos mitos, heróis, famosos, fenômenos, são construídos, usados
e descartados com a mesma facilidade com que ocorre o consumo dos produtos por
eles oferecidos.
Pobres seres humanos, artificialmente elevados à condição de ídolos, os
quais tem seu habitat restrito aos holofotes, que quando apagados, levam estes
incautos do céu ao inferno (lógico, caso ambos existissem da forma como
acreditados hoje), presenteando-os com a negação, a loucura, e o mais terrível
de todos os sofrimentos: a abstinência das luzes da ribalta e o esquecimento
por parte de seus fãs.
No momento em que admitimos que a única vida ideal é aquela permeada
deste sucesso, no momento em que aceitamos ídolos irreais, no momento em que
aceitamos que a única possibilidade de felicidade é buscar uma vida igual a dos
outros,no momento que definimos que aquele é o padrão de ser humano a ser
seguido, neste exato momento, abrimos mão de nossa realidade e, automaticamente,
aceitamos o jogo cruel que rotula as vidas verdadeiras e as lutas diárias de
cada um como sendo um fracasso.
Em busca deste falso sucesso, a competitividade, a disputa, a
necessidade de ser melhor, mais rápido, mais forte, mais ágil, mais
inteligente, mais experto, pode mais, ter mais, comprar mais, mostrar mais,
enfim, a necessidade de conquistar um lugar ao sol e todas as necessidades
correlatas, são impostas desde a infância, como se fosse educação, fazendo com
que cada um veja o outro ser humano, o seu semelhante, como um concorrente, uma
ameaça, alguém a ser vencido, superado, um inimigo.
Isto transforma o mundo em uma selva competitiva, onde é uma obrigação
lutar para sobreviver ao ataque dos elementos e dos animais selvagens(que é a
forma como o ser humano tende a ver o outro). E esta luta vai da disputa pelo
melhor emprego até a conquista do lugar na fila da padaria:
·
Todos têm mais direito que todos;
·
Ninguém cede lugar a ninguém;
·
Ninguém tem tempo (pois afinal,
tempo é dinheiro, e dinheiro é sucesso);
·
Todos olham mas ninguém é visto;
·
Todos correm mas ninguém caminha;
·
Todos gritam mas ninguém é ouvido;
·
Todos clamam mas ninguém é atendido;
·
Todos sofrem mas ninguém se importa;
·
Todos choram mas ninguém é consolado;
·
Todos vivem mas ninguém está vivo;
·
Todos correm para chegar rapidamente em lugar nenhum;
·
Todos estão perto mas ao mesmo tempo todos estão sozinhos.
·
Todos sorriem mas ninguém está feliz,
·
Todos acordam mas continuam dormindo.
Então, quase candidamente, tenta-se justificar este caos emocional e evolucional no qual vivemos hoje, encarando como se fosse algo normal, pois afinal, somos somente animais racionais.
O que é vendido como grande resultado do sucesso é uma inverdade: o sucesso não é, nunca foi e nunca será fonte perpétua de felicidade!
·
Quanto mais concreta for a razão de sua felicidade,
mais efêmera será a felicidade resultante, se ela quando acontecer;
·
Quanto mais intenso for o seu desejo, menor é a chance
de você experimentar a felicidade ao realizá-lo, e mais rápido será o processo
de você criar outro desejo;
·
Quanto mais você vincular a felicidade de sua vida
à satisfação de seus desejos, menos será sua capacidade de se libertar da
necessidade permanente de novos desejos;
·
Quanto maior for a felicidade que você desejar,
menor sua capacidade de viver as pequenas felicidades;
·
Quanto maior o seu medo de não ser feliz, menor a
sua capacidade de não sentir prazer em estar infeliz;
·
Quanto menor sua capacidade de viver e compreender
as pequenas felicidades, menor a sua condição de compreender o que é a
verdadeira felicidade.
O primeiro, único e grande fracasso é não saber o que é realmente o sucesso.
O real sucesso é aquela vida que nos traga a mais profunda e sublime
experiência existencial: a paz!
Sucesso são os grandes embates que você tem que travar todos os dias,
são as gigantes vitórias silenciosas e as grandes derrotas solitárias que só
você sabe que lutou, quer dizer, sucesso é a sua vida, é acordar todos os dias
sabendo que você é sua própria referência, que você é o seu ídolo, pois você é
um ser humano real, vivendo uma vida real.
· Sucesso é viver em
paz com todos e principalmente consigo mesmo!
· Sucesso é respeitar
a todos, mas principalmente respeitar a si mesmo!
· Sucesso é ser amigo
de todos mas principalmente de si mesmo!
· Sucesso é amar a
todos, mas principalmente a si mesmo!
· Sucesso é não
exigir dos outros o que não possam fazer, e nem exigir demais de si mesmo!
· Sucesso é ter
paciência com tudo e com todos, principalmente consigo mesmo!
· Sucesso é andar
pela vida em paz, como um peregrino que a tudo e a todos ama, buscando sempre,
compreender e melhorar!
· Sucesso não é não
errar, mas sim, aprender com o erro e não repeti-lo!
Desejo a você todo o verdadeiro sucesso, e que sua caminhada seja mansa, profícua e feliz.
Fique bem, fique em paz.
Fraterno abraço
Jorge Antonio Oro
Fonte:
Postado há 21st August
2016 por Jorge Oro