OMNIA MECUM PORTO
                                (trago comigo todas as coisas, ou tudo que tenho carrego comigo)

 
Ovídio (em Metamorfoses) descreveu muito bem o navegar das almas, hoje: “Video meliora, proboque, deteriora sequor” , literalmente "vejo as coisas boas aprovo e as piores sigo", poderíamos compreender como Vejo o melhor, aprovo-o, e sigo o pior. 
 
Ou ainda, resignificar: 

Vejo o amor, aprovo-o, mas sigo as paixões.
Vejo a sabedoria, aprovo-a, mas sigo a ignorância. 
Vejo o Bem, aprovo-o, mas sigo o mal.
Ou ainda, Vejo a luz, aprovo-a, mas sigo a escuridão, etc.
 
Esta expressão poderia ser usada para definir como boa parte (para não dizer todo) do nosso curto tempo de vida é usado.
 
De tanto correr rapidamente atrás de todos os efêmeros reflexos, acabamos angustiados, decepcionados, frustrados e cansados, restando forças somente para desejar que a busca acabe o mais breve, na falsamente temida (mas desejada) morte. 

Como se isto resolvesse alguma coisa! É como se vc achasse que uma noite de sono resolve as suas dívidas do dia anterior!
 
Talvez, a grande causa do sofrimento seja o desequilíbrio entre a Ideia (ou o pensamento se quisermos densificar), o sentimento e a ação (como na expressão de Ovídio).

Mesmo aquele que busca conhecimento para si (ao invés de trabalhar para a humanidade) estará se afastando do caminho.
 
Em algum momento devemos reaprender a ver o bem, aprová-lo e praticá-lo. 

Mas antes de fazer isto no mundo e para o mundo, devemos reaprender a viver o Bem em nós mesmos. Ninguém dá o que não tem.
 
Se em nome de uma luta contra o mal, eu odeio o mal, na verdade não estou lutando pelo bem, estou propagando o mal (em mim e no meio).
 
Se em nome da justiça eu odeio os injustos, só estou alimentando aquilo que possibilita a ausência de justiça: o ódio, pai da ignorância.
 
A única forma de uma pessoa odiar algo ou alguém é fazendo uma “cópia” em si mesma deste algo ou alguém, passando a ter em sua alma um “odiado para chamar de seu”..

É através deste mecanismo que as pessoas podem por diversão odiarem sempre que desejarem, sem precisar ter contato físico com o original objeto do ódio! 

Já pensaram nisto: que tudo o que lhes causa ódio, antipatia, inimizade, rancor, ojeriza, repulsa, etc está criado e alimentado em sua própria alma! 

Faz parte de você física e animicamente. E mais, ou pior: como são símiles, funciona um sistema de vaso-comunicação, como marionetes que se movem presas a uma mesma mão. 
 
No final, mesmo depois que o objeto externo do ódio tiver sido aniquilado ou tiver desaparecido, o ódio interno, na alma do odiador, permanecerá mais vivo do que nunca. 
 
E é este perverso artifício que vemos hoje no mundo onde, como marionetes, as pessoas são levadas a achar que é certo odiar aqueles que lhe são contrários, que pensam diferente. 
 
E não adianta usar belas cores para encobrir o cinza da alma!
 
Vamos supor que no mundo existisse 1/3 de pessoas más. Então, para melhorar o mundo, o 2/3 de bons decide que a solução é ceifar a vida daquele 1/3, e assim o faz. O resultado é que agora todos são piores que antes, pois morreram os maus e ficaram os assassinos. O mundo é então, 100% de piores.
 
Se o outro lhe incomoda, se suas decisões são tomadas em função do outro, se você julga as ações do outro, etc. na verdade você vive em função do outro: não tem vida própria, não é sequer dono de si mesmo.
A única forma de vencer o mau, o mal e o feio (todos no sentido evolucional) é não os alimentando, é não os propagando, é não os mantendo vivos em sua alma (às custas de sua própria vida).
 
Lutar contra algo não significa odiar aquele algo, por mais vil e grotesco que seja aquilo. 

O principal cuidado em uma luta é não terminar igual (ou pior) do que aquele que você considera seu inimigo.
 
Se você adquire o hábito de odiar, por praticá-lo todos os dias, chega um tempo em que você supera a própria fonte, precisando de cada vez mais motivos para isto. Você passará a precisar ser odiado. É assim que se mantém viva a grande cadeia de ódio, tenebrosa teia que alimenta o ciclo que finda,
Não existe meio termo: ou você luta para propagar o bem ou para propagar o mal. 

Se você pensa que é possível fazer isto em horários alternados, ou apenas em algumas horas do dia, você só está enganando a si mesmo. OU se você pensa que é certo ser bons para alguns e mau para outros, você não é ainda, nem bom nem mau. 
 
Em quaisquer circunstâncias, você deve colocar-se em frente a si mesmo, com a maior boa fé, com sinceridade absoluta, e resolutamente segurar o leme e dar direção a sua vida. 
 
O único instrumento que pode ferir tua alma é o teu próprio corpo: selecione teu alimento emocional e mental da mesma forma como você seleciona teu alimento físico. Do equilíbrio surgirá um verdadeiro ser humano.
 
Parece que do “mens sana in corpore sano” a sociedade de consumo, a sociedade das felicidades efêmeras, a sociedade das paixões densas, pratica só o “corpore sano”.
 
Poderia existir academias de felicidade, suplementos de paz, exercícios de fraternidade. Mas mesmo assim, pouco ou nenhum valor teriam, pois seriam consumidos só pq estão na moda ou pq estão acessíveis. 
 
Considere todas as negações como potenciais doenças, devatas (que os são, na verdade), e considere a possibilidade de criar uma vacina: todos os dias, independente de quão atribulada seja a vida, pare e dê a você mesmo uma pequena dose de Bem.
 
Sente, respire, abstenha-se de pensar em qualquer outra coisa, e lembre de algo muito bom que lhe tenha acontecido, que lhe tenha gerado felicidade. Lembre como foi sentir aquela felicidade. 

Já sentiu algum dia na vida um momento de paz? Sim! Relembre-o por alguns instantes.
 
Ou se acha que não dá para sossegar e lembrar algo bom, defina um dia da semana, onde por meio período, você não criticará, não julgará e nem terá antipatia por nada nem por ninguém!
 
Reaprenda a ver o Bem! 
 
Pare de dedicar tanto tempo de sua vida para prestigiar a ignorância, o ódio, a antipatia. Pare de ser um propagador disto!
 
A prática da PAZ lhe permitirá ver! Eu acredito!
 
Omnia mecum porto (trago comigo todas as coisas, ou tudo que tenho carrego comigo) exclamou o filósofo Bias de Pirene (um dos 7 sábios da Grécia)! 
 
E eu pergunto a você, Peregrino da Vida: o que você traz(tem) em sua alma?
 
Os tempos são chegados!
 
Re: sensibilize-se! empatize-se! acalma-se! pacifique-se! Ame-se! Sorria-se!
 
Permita a Lei que você fique em paz, que veja o Bem, aprove-O e faça-O.
 
Profícua caminhada a todos.
 
 

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